Como Improvisar com Arpejos na Guitarra ou Violão

Você como quase todos os músicos, já deve ter se perguntado o que é e como utilizar de maneira prática e eficiente, acordes em arpejos na guitarra ou no violão.

Um dos principais elementos de construção melódica é o arpejo. Pode se dizer que junto com as escalas, formam os blocos construtores da maioria das melodias. Desde o início do estudo de qualquer instrumento melódico, harmônico, incluindo a voz, se faz necessário o estudo destes blocos, também conhecidos como rudimentos.

Para o estudo da improvisação, o domínio da execução de arpejos é imprescindível e os primeiros passos podem se tornar um grande obstáculo e eventualmente até fonte de desânimo. Apesar de sua importância, seu estudo isolado é tecnicamente complexo e musicalmente desinteressante, pois, exige um primeiro passo focado na técnica e não na música. Esse primeiro passo nada mais é do que a execução sucessiva das notas dos quatro tipos de tríades: maior, menor, aumentada e diminuta. Geralmente, isso é feito sem nenhum padrão rítmico ou com alguma rítmica muito básica. Por isso, quanto antes esses arpejos se transformarem em música, melhor para o processo de memorização e consequente domínio de execução.

Aplicando as tríades – a semântica da música

Uma maneira de transformar arpejos em música é associar o estudo das tríades a algum chorus de improvisação. Chorus de improvisação é geralmente a base rítmico-harmônica de um tema. Após o estudo inicial das tríades, o estudante deve executar, em arpejos de tríades, a base rítmico-harmônica de um tema (chorus de improvisação). Para isto, basta se referenciar na mesma digitação empregada na execução dos acordes deste mesmo tema (standard), porém agora, produzindo “semântica”, ou sentido, que em música, neste caso, consiste em agregar ao estudo dos arpejos um padrão rítmico e claro, obedecendo a duração e a ordem da sequência dos acordes. Este exercício transforma o estudo de arpejos em “música”, uma “música” ainda rudimentar, mas fundamental para o desenvolvimento das habilidades de improvisação.

Disciplina atenta e paciente

Um cuidado especial deve ser dedicado aos procedimentos de estudo, pois, trata-se de um conteúdo bastante complexo que deve ser “digerido” aos poucos, promovendo uma entrada no estudo de improvisação com qualidade e sem prejuízo do prazer de estudar música.

Vamos colocar em prática!?

Estudo dirigido: prática de improvisação com arpejos na guitarra ou violão

Seguem dicas importantes para o estudo da improvisação utilizando tríades em arpejos na guitarra ou violão. Uma maneira “musical” de trabalhar esse rudimento tão importante e complexo. Aqui utilizamos como exemplo, o standard Blue Bossa (Kenny Dorhan), mas fique à vontade para aplicar em outros.

Anexo uma vídeo aula onde demostro o passo a passo para aplicação prática do estudo. Aproveite!

Plano de estudo

Conteúdo:

– Tríades maiores, menores, aumentadas e diminutas;
– Motivo rítmico sincopado;

Metodologia:

1º revisar a harmonia e a melodia de um standard;

2º Revisar as tríades, apenas as que serão utilizadas, lembrando que vamos arpejar tríades sobre os acordes do standard (Blue Bossa) que são tétrades.
3º Decorar o padrão rítmico a ser aplicado nas tríades;
4º Escolher a sequência de notas dos arpejos (os dois primeiros)
5º praticar sem e com o backing track;

Rotina de Estudo

1º dia

10 min. Revisar o standard
10 min. Revisar as tríades
10min. Decorar o padrão rítmico
10min. Descanso (modo difuso) e outras atividades.

2º dia

10min. Escolher a sequência de notas dos arpejos e aplicar o padrão rítmico (apenas nos dois primeiros acordes)
5min. Praticar lento (sem o backing track) as duas primeiras tríades
5min. Gravar o próprio backing track – apenas os dois primeiros acordes em looping (4 vezes)
5min. Tocar com o backing track que você gravou

3º dia

25min. Repetir o passo a passo do dia anterior acrescentando mais duas tríades.

4º dia

25min. Mesmo procedimento do dia anterior.

5º dia

Seguir o passo a passo até finalizar a utilização de todas as tríades.
Por último, toque com o backing track original.
Comemore!!! Você está criando uma memória profunda sobre o assunto improvisação.

Atividades complementares sugeridas:

1. Solfeje tudo!
2. Imagine-se tocando (com o backing track)
3. Escreva o exercício.
4. Grave um vídeo tocando com a backing track e faça sua auto avaliação. Envie para seu professor e para seus amigos explicando o que fez!

Referências bibliográficas

1. FARIA, Nelson; CHEDIAK, Almir. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumiar Ed., 1999. 85 p. ISBN 8585426470.
2. KODAMA, Marcia Kazue. Tocando com concentração e emoção: a psicologia e a neurofisiologia ajudando o intérprete. São Paulo: Editora Som, 2008.