O que é Escala Pentatônica? – Origem, aplicação, estrutura e construção.

Um dos fundamentos mais importantes para quem estuda música e principalmente, as áreas de composição, arranjo e improvisação, é o entendimento dessa pergunta que muitos se fazem: o que é escala pentatônica?

Se você toca algum instrumento musical, deve utilizar essa escala talvez mesmo sem saber, de forma simplesmente intuitiva.

Explicaremos de onde vem, onde é utilizada e como se constrói a escala pentatônica e suas variações.

Leia e aproveite!!

Contextualização Histórica

Onde surgiu a escala pentatônica?

A pentatônica é uma das mais antigas escalas. Foi a principal escala musical de antigas civilizações como, por exemplo, a chinesa.

Em relação a sua origem, as opiniões são contraditórias.  Alguns afirmam que foram os chineses os primeiros a examinar a relação entre quintas para consequentemente criar a escala pentatônica. Por outro lado, outros dão esse crédito aos Sumérios, isso há mais de 5000 anos.

A partir dessa origem remota, a escala pentatônica vem sendo alvo de alterações e adaptações.

Século XIX aos dias atuais

O final do século XIX e início do séc XX, para o mundo ocidental, foi um momento de “ressurgimento” de muitos elementos musicais que durante séculos vinham sendo evitados ou ainda proibidos.

Dentre outros, poderíamos citar:

• músicas modais
• percussões
• ruídos
• escalas distintas (“exóticas”)

Dentre estes elementos “recuperados” está a escala pentatônica, que havia perdido espaço para as escalas tonais (maiores e menores). Entretanto, agora não mais na homofonia de suas origens, mas sim, mergulhada em uma perspectiva harmônica.

Isso de fato, redimensionou significativamente suas aplicações e sonoridade.

Este retorno se processou no âmbito da música clássica, em compositores como Debussy, Dvorak, Bartok e Kodaly, por exemplo.

Já na esfera da música popular, essa retomada se deu especificamente no Blues e, a partir daí, também em suas derivações como o Jazz e o Rock.

Mas enfim, o que é escala pentatônica?

Como o nome define, é uma escala de cinco sons com grande variedade de tipos, uma vez que se trata de um elemento musical de aplicação global.

Assim, vamos entender inicialmente, a  escala pentatônica maior e sua relativa menor, as mais utilizadas na música popular contemporânea, e suas variações denominadas pentatônicas blues, com os “sub-tipos” blues maior e blues menor.

Escala Pentatônica Maior

É a escala pentatônica matriz, pois, é a original de onde irão derivar todas as outras escalas pentatônicas.

Em princípio, é formada a partir das notas que compõe o chamado ciclo de quintas. Ou seja, pela sobreposição de intervalos de quintas consecutivas. Em seguida, agrupamos esse sequência de notas em uma mesma oitava para formar a escala.

Por exemplo, utilizando a nota dó como base e encontrando suas quintas consecutivas, teríamos as notas:

• Dó
• Sol
• Ré
• Lá
• Mi

Por fim, agrupando essas notas em sequência, numa mesma oitava, formamos a pentatônica matriz, também conhecida como pentatônica maior:

• DÓ – RÉ – MI –  SOL – LÁ

Escala Pentatônica menor

Da mesma maneira, a escala pentatônica menor será formada pelo mesmo processo da pentatônica maior. Porém, parte da tonalidade relativa que se encontra uma terça menor acima da tonalidade original.

Desta forma, utilizando o exemplo em dó menor, a tonalidade relativa seria mi bemol maior. Assim, as quintas sobrepostas seriam:

• Mib
• Sib
• Fá
• Dó
• Sol

Finalizando, agrupamos na mesma oitava e teremos a escala pentatônica menor:

• DÓ – MIb –  FÁ – SOL – SIb

Escala Pentatônica Blues Menor

Blue Notes

Uma das matrizes do jazz, o Blues, resulta musicalmente de uma sobreposição singular do sistema tonal com o sistema modal. A combinação das harmonias tonais com as escalas pentatônicas modais produziu uma ambivalência e como resultado mais evidente: as blue notes.

De maneira bem sintética, podemos dizer que as blues notes são, tendo por referência a pentatônica de dó blues menor, as notas mi bemol, fá sustenido e si bemol: a terça menor, a quarta aumentada e a sétima menor, respectivamente. Sempre observando a interação destas notas com os acordes de sétima da dominante, neste caso o acorde C7.

Assim, a escala pentatônica Blues Menor será construída a partir da escala pentatônica menor acrescida de uma quarta aumentada. Por exemplo, em dó menor, as notas seriam:

• DÓ – MIb – FÁ – FÁ# – SOL – SIb

Estas notas irão produzir tensão em relação as notas do acorde de base: C7 (dó, mi, sol e sib).  Isso ocorre porque, o Mi bemol e fá sustenido resultam em dissonância em relação as notas mi (natural) e sol.

Desta maneira, essa dissonância pode ser “resolvida” movendo ambas semitom acima, produzindo em si um clichê melódico característico do blues. Entretanto, também podem ficar “sem resolução” produzindo essa tensão que vai marcar a sonoridade do gênero e “inspirar” muitas outras situações “não resolvidas”. Consequentemente, isso amplia a “paleta de cores” da música popular no mundo inteiro.

Dentre as blue notes, o si bemol é a única que coincide com o acorde de sétima maior (C7). Mas, por ser uma das notas marcantes do acorde e da escala também, se destaca entrando para o time.

Escala Pentatônica Blues Maior

Por fim, teremos a pentatônica blues maior que apresenta apenas uma blue note. Neste exemplo em dó, trata-se da nota ré sustenido: nona aumentada.

Assim como nos casos anteriores, esta nota pode ser resolvida semitom acima, em mi (terça do acorde).

Desta maneira a escala será composta pelas notas:

• DÓ – RÉ – RÉ# – MI –  SOL – LÁ

Parabéns! Agora você já sabe o que é uma escala pentatônica.

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Segue uma vídeo aula para que você possa fixar ainda mais o assunto, praticando a construção da escala em sua guitarra ou violão:

Referências bibliográficas

1. Gekas, Paulo. Percorrendo o enigma dos cinco sons: o uso da escala pentatônica na música ocidental. Udesc, 2001
2. FARIA, Nelson; CHEDIAK, Almir. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumiar Ed., 1999. 85 p. ISBN 8585426470.
3. KODAMA, Marcia Kazue. Tocando com concentração e emoção: a psicologia e a neurofisiologia ajudando o intérprete. São Paulo: Editora Som, 2008.