Disponibilizamos aqui uma explanação sobre a utilização da técnica do capotasto ao contrabaixo, sua utilidade funcional seguida de uma proposta de exercício prático para ajudá-lo a se desenvolver. Leia e pratique!
Inicialmente, vamos entender o conceito de tricordes e tetracordes, elementos importantes para se entender a técnica.
Os tricordes e tetracordes ao contrabaixo
Modernamente, os bicordes, tricordes, tetracordes, pentacordes, hexacordes, e assim por diante, são sequências de alturas (na prática, notas musicais) justapostas. Isto é, dispostas “horizontalmente”, umas após as outras, no tempo musical.
É importante, desde já, não confundi-los com os acordes (díades, tríades, tétrades, pêntades, héxades, etc.). Estes são formados, por sua vez, através da sobreposição de alturas, ou seja, de sua disposição “vertical”, umas sobre as outras, no tempo musical.
Nas denominadas “posições recuadas” do contrabaixo ― região mais grave do instrumento, também conhecida por “primeiro braço” ―, admite-se a princípio somente uma variante: os tricordes cromáticos.
Assim, consoante as ditas escolas tcheco-alemã ou italiana de digitação, respectivamente, o instrumentista empregará os dedos 1-2-4 ou 1-3-4 para apanhar diferentes conjuntos de três semitons subsequentes sobre uma mesma corda ― formando, portanto, diferentes tricordes cromáticos, porém sempre e exclusivamente tricordes cromáticos (obviamente, sem fazer uso de “extensões”).
Perceba-se que neste caso há somente três “dedos funcionais” a digitar as diferentes alturas, possibilitando justamente a formação unívoca de tricordes.
Perceba-se também que o contrabaixo é um instrumento de grandes dimensões ― consequentemente, de grande comprimento de corda ― e, portanto, as alturas encontram-se dispostas sobre o espelho demasiado distantes umas das outras para que exista outra possibilidade de “abertura” entre os dedos funcionais além do semitom: daí a referida exclusividade da possibilidade “tricórdico-cromática”.
O uso da técnica do capotasto ao contrabaixo
Todavia, convencionalmente, a partir da oitava de cada uma das cordas soltas do instrumento, do dito “segundo braço”, ocorre um fenômeno especial (note-se que o mesmo fenômeno se dá também ao violoncelo): o dedo polegar escorrega para sobre o espelho e passa a funcionar como um quarto dedo a digitar as alturas.
Logo, com a adição de mais um dedo funcional, totalizando, portanto, quatro dedos funcionais (0-1-2-3), torna-se possível a formação de tetracordes em vez de tricordes.
As alturas na região mais aguda do contrabaixo já não se situam tão distantes entre si. Com isto, outras possibilidades de aberturas entre os dedos vão se tornando aos poucos possíveis ― de execução gradualmente mais confortável ou, por que não dizer, menos “desconfortável”.
Na verdade, as possibilidades, ainda que excepcionais, só fazem aumentar à medida que se vai ao agudo do instrumento e que, por conseguinte, as alturas se vão aproximando entre si.
Aplicação prática – tetracordes e capotasto ao contrabaixo
Abaixo, arrolamos as seis principais “variantes tetracordais”. Lembremo-nos de que há outras possibilidades combinatórias de uso mais raro ― que devem ser dominadas pelo instrumentista profissional já a partir da oitava do instrumento, conforme a nomenclatura proposta. Exemplos são apresentados com nomes de alturas sempre empregando o polegar sobre o sol harmônico, oitava da corda sol solta, como referência. Digitações sempre 0-1-2-3.
Tetracordes:
- cromático: st-st-st (sol-sol#-lá-lá#)
- semicromático: t-st-st (sol-lá-lá#-si)
- semicromático estendido: st-t-st (sol-sol#-lá#-si)
- diatônico: t-t-st (sol-lá-si-dó)
- diatônico estendido: t-st-t (sol-lá-sib-dó)
- estendido: t-t-t (sol-lá-si-dó#)
Numeração de dedos convencionada: 0- polegar, 1- indicador, 2- médio, 3- anelar, 4- mínimo.
Convenção de abreviatura intervalar: st- semitom, t- tom.
O vídeo a seguir demonstra os tetracordes principais mencionados acima e propõe um exercício básico para o seu treinamento.
Divirtam-se!
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