Todo apreciador de Música já ouviu alguma vez o termo Escala Musical e muitos pensam que é algo complexo e difícil de entender.
Leia agora e compreenda de forma simplificada o conceito e a utilidade das escalas, um dos elementos fundamentais para composição e prática musical.
Sugerimos pegar seu instrumento e praticar os exemplos junto com a leitura!
O que é Escala Musical?
Escala musical nada mais é do que uma sequência de notas de nomes diferentes organizadas dentro de uma mesma oitava, separadas por intervalos musicais.
Para o melhor aproveitamento e entendimento de escalas é muito importante saber o que são intervalos musicais e o conceito de tom e semitom. CLIQUE AQUI para entender bem esses fundamentos.
O Conceito de Grau em uma Escala
Cada nota de uma escala recebe o nome de grau.
Cada grau da escala é numerado por um algarismo romano.
Assim a primeira nota será o primeiro grau da escala (I), a segunda nota será o segundo grau (II) e assim sucessivamente.
Em uma escala não há repetição de um mesmo som.
Há uma infinidade de tipos de escalas diferentes que geram sonoridades distintas. Seguem alguns exemplos sonoros utilizando diferentes escalas para você ouvir antes de tentarmos entender a teoria:
Escala diatônica maior
Escala diatônica menor natural
Escala diatônica menor melódica
Escala diatônica menor harmônica
Escala pentatônica
Escala de tons Inteiros
A Escala Diatônica – Escala Natural
1 – Escala diatônica Maior (Natural Maior)
Inicialmente vamos focar na escala diatônica maior que é a mais conhecida e mais simples de abordar como ponto de partida.
O termo “diatônico” significa através dos tons. Ou seja, a escala diatônica contêm notas consecutivas distribuídas sucessivamente por intervalos conjuntos.
Na escala diatônica, não se repetem notas de mesmo nome e também não se “pula” nenhuma nota.
O exemplo mais fácil de uma escala diatônica é a escala de Dó Maior. Aquela mesmo que todos nós aprendemos desde criança:
Ela contém apenas as notas em seu estado natural. Por isso também é conhecida como Escala Natural.
Perceba o que citamos no que se refere a característica de uma escala diatônica:
1 – Ausência de repetição de nota de mesmo nome como ocorre em escalas cromáticas, por exemplo:
DÓ – DO# – RÉ – RÉ# – MI – FÁ – FÁ# – SOL – SOL# – LÁ – LÁ# – SI
2 – Não “pulamos” nenhuma nota como ocorre, por exemplo, nas escalas pentatônicas:
DÓ – RÉ – MI – SOL – LA
Nome dos Graus da Escala Diatônica
- I Grau – Tônica ou fundamental – dá o nome a escala e a tonalidade
- II Grau – Supertônica ou sobretônica
- III Grau – mediante – é o grau que determina o modo da escala (maior ou menor)
- IV Grau – subdominante – junto com o I e V graus, tem papel fundamental na estrutura harmônica. Por isso o I, IV e V graus são conhecidos como graus Tonais.
- V Grau – Dominante – centro da escala. Sobre o quinto grau é construído o acorde dominante, importantíssimo no sistema tonal.
- VI Grau – Superdominante – assim como o terceiro grau, colabora para definir o modo da escala
- VII Grau – Sensível – nota que tem grande tendência a se direcionar ou “resolver” na tônica. O III, VI e VII graus são denominados Graus modais por dão a efeito sonoro que caracteriza uma tonalidade.
Estrutura da Escala Diatônica Maior
Toda escala diatônica maior segue a mesma estrutura. Ou seja, elas têm a mesma distância intervalar entre as notas que a compõe, quantificadas em tons e semitons.
Notas indicadas por graus em algarismos romanos de I a VII. Distâncias intervalares de tom (T) e semitom (ST)
Obedecendo essas distâncias intervalares com a utilização de sinais de alteração (sustenidos e bemóis) você pode construir escalas a partir de qualquer tônica.
Basta iniciar com uma tônica qualquer e ir utilizando os sinais de alteração (bemol e sustenido) para manter as distâncias intervalares.
Escala diatônica maior com sustenido – Ré Maior. III Grau (Fá) e VII Grau (Dó) foram elevados pra manter distância intervalar padrão.
Escala diatônica maior com bemol – Fá Maior. III Grau (Si) foi abaixado pra manter distância intervalar padrão.
Os Tetracordes de uma escala musical diatônica maior
Observe que se dividirmos a escala diatônica maior ao meio, obtemos dois blocos com estrutura intervalar idêntica.
Cada “bloco” recebe o nome de tetracorde (tetra=4; corde=nota). Esse conceito de tetracorde é muito importante para o entendimento de harmonia, campo harmônico, modulação etc.
Mas isso é assunto para outro post…
Tetracordes da escala maior – dois blocos de quatro notas separadas com mesmo padrão intervalar (T-T-ST)
2 – Escala Diatônica Menor (Natural Menor)
A Escala Musical dita Diatônica Menor Natural é construída utilizando as notas naturais iniciando pelo sexto grau (VI) da escala diatônica maior.
Em nosso exemplo, basta pegar o sexto grau de dó maior que é a nota lá e torná-la a tônica (I Grau) da escala menor.
Assim teremos a seguinte escala:
Em termos de distância intervalar, teremos a seguinte estrutura:
Notas indicadas por graus em algarismos romanos de I a VII. Distâncias intervalares de tom (T) e semitom (ST)
Assim como nas escalas maiores, mantendo a estrutura intervalar e utilizando os sinais de alteração, é possível construir qualquer escala menor a partir de qualquer tônica.
Conceito de Escalas Relativas
Toda escala diatônica maior tem uma escala menor relativa e vice-versa. Elas se relacionam por apresentarem as mesmas notas mas em posições diferentes.
Ou seja, sempre que selecionamos o sexto grau de uma escala maior e o transformamos em tônica, teremos uma escala menor relativa da escala maior.
Da mesma forma, sempre que selecionamos o terceiro grau de uma escala menor natural e o transformamos em tônica, teremos uma escala maior relativa da escala menor natural.
Escala de Dó Maior e sua Relativa Menor (Lá Menor). Relação obtida pela seleção do sexto grau da escala maior.
Construindo Escala Menor por meio dos intervalos
Outra maneira de construir a escala menor natural a partir da escala diatônica maior é baixarmos meio tom do II, VI e VII Graus.
Escala diatônica menor natural – Dó menor. III Grau (Mi) e VI Grau (Lá) e VII Grau (Si) foram baixados em um semitom pra manter distância intervalar padrão.
Em virtude disso, o III, VI e VII graus de uma escala são considerados os graus MODAIS. Definem o modo da escala – maior ou menor.
Nas escalas maiores, a distância intervalar entre o primeiro graus e os graus III, VI e VII são intervalos de terça, sexta e sétima maiores.
Nas escalas menores naturais, a distância intervalar entre o primeiro graus e os graus III, VI e VII são intervalos de terça, sexta e sétima menores.
3 – Escala Diatônica Menor Harmônica
Nas questões ligadas ao desenvolvimento histórico da Harmonia em Música um evento fundamental na estruturação desses conceitos encontra-se a distância de semiton que existe entre o sétimo e o primeiro graus da escala maior.
É uma peça chave no que se refere ao movimento de tensão e relaxamento que envolve todo o movimento harmônico em Música.
Na escala diatônica menor natural há uma distância de um tom entre o sétimo grau e a tônica.
Esse fato exigiu uma alteração na escala para que fosse viável o desenvolvimento de harmonia no modo menor.
Desta forma, surgiu a escala Diatônica Menor Harmônica, onde o sétimo grau passa a ser maior.
Com base nessa escala, são criados os acordes do campo harmônico menor.
Ela tem a seguinte estrutura:
Escala diatônica menor natural – Dó menor. VII Grau (Si) foi aumentado em um semitom para aproximar o VII grau do I.
4 – Escala Diatônica Menor Melódica Tradicional
Como vimos, a escala diatônica menor harmônica foi uma adaptação da escala diatônica menor natural para a formação de acordes.
Entretanto para criação de melodias, ela apresenta uma sonoridade considerada uma pouco “exótica” pois, tem um intervalo de segunda aumentada entre o sexto e sétimo graus.
Esse intervalo foi gerado para que o sétimo grau se aproximasse um semitom da tônica.
A fim de amenizar esse efeito e viabilizar a criação de melodias no modo menor que soasse mais dentro dos padrões da música ocidental, foi realizada uma adaptação da escala diatônica menor harmônica elevando o sexto grau em um semitom.
Assim o intervalo de segunda aumentada entre o sexto e sétimo graus fica reduzido a um tom. Isso ocorre no movimento ascendente dessa escala. No movimento descendente, a distribuição de intervalos obedece a estrutura da escala diatônica menor natural.
Escala diatônica menor melódica – Dó Menor. VI grau (Lá) foi elevado em um semitom no movimento ascendente. No descendente mantém a estrutura da menor natural.
5 – Escala Diatônica Menor Melódica “Real”
No ambiente da música popular, sobretudo nas improvisações, a escala menor melódica tradicional pode gerar certa confusão e dificuldades de execução.
Isso em virtude da diferença intervalar quando a melodia se direciona para o grave ou para o agudo.
A fim de facilitar esse fato, foi criada a escala diatônica menor melódica real.
Ela tem a estrutura da melódica menor melódica tradicional ascendente mas também mantém essa mesma estrutura no movimento descendente.
Outra maneira simples de construir essa escala é por comparação a escala diatônica maior natural.
Elas são praticamente idênticas sendo a única diferença o III Grau que na escala maior é maior e na menor é menor.
Ou seja, para construir a escala menor melódica real, basta partir da escala maior e baixar um semitom no III grau.
Efeitos de Sonoridade da Escala Musical – Diatônica Maior e Menor
Um dos impactos mais atrativos da Música sobre o ser humano é o que ela desperta em termos emocionais.
As escalas maiores e menores assim como os diversos acordes que elas formam causam diferentes reações em nosso sistema.
Escute novamente os exemplos musicais de J.S. Bach onde são utilizadas as escalas Diatônica Maior e Diatônica Menor e procure observar que tipo de sensação cada uma desperta.
ESCALA MAIOR
ESCALA MENOR
Agora algumas dicas sobre a aplicação de uma escala musical
Escala Diatônica Maior – produz som mais aberto, expansivo, alegre, extrovertido.
Escala Diatônica Menor – mais usada com intenção de melancolia, introspecção, lamentação.
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AGORA É COM VOCÊ
Construa as escalas e toque no seu instrumento!!
Memorize os intervalos e as formas de digitação.
Segue um BONUS!
Video aula com Paulo Gekas sobre a construção das escalas diatônicas no violão e guitarra.