Música

O que é sustenido e bemol e quais as diferenças entre eles?

Músico diferenciando sustenido e bemol

O sustenido e o bemol são as notas acidentais de uma escala, ou seja, ficam entre as notas naturais, representando a menor distância na música ocidental.

A teoria musical é a base para a simplificação do trabalho do músico. Entender as diferenças entre sustenido e bemol, por exemplo, pode facilitar muito a compreensão da harmonia, isto é, a lógica por trás dos acordes escolhidos para determinada música.

Além disso, as notas e acordes sustenidos e bemóis têm funções importantes na composição: muitas vezes, facilitam a passagem entre um acorde e outro. Em alguns casos, ajudam a trocar o tom da música, criando uma espécie de ruptura.

Por isso, é importante aprender o que são e como eles podem ser identificados nos instrumentos. Neste artigo, você verá as diferenças entre sustenido e bemol, quando eles devem ser usados e algumas dicas sobre esse uso. Continue a leitura e fique por dentro!

Quais são as diferenças entre sustenido e bemol?

Nos instrumentos tonais utilizamos escalas, que são sequências ordenadas de notas que orientam o músico. Elas são dispostas em intervalos de tons e semitons, que representam a distância de uma nota para outra. Dessa maneira, entre as notas naturais que conhecemos (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si) existem os outras notas que contém acidentes musicais, que são os sustenidos e os bemóis.

Nesse sentido, a distância intervalar alterada por um sustenido ou bemol representa um semitom (também chamado de meio tom) e a distância de dois sustenidos ou dois bemóis é equivalente a um tom. Dois sustenidos denominamos dobrado sustenido. Da mesma maneira, dois bemóis é um dobrado bemol.

sustenido, bemol, dobrado bemol, dobrado sustenido e bequadro

 

Assim, se consideramos determinada nota (como o Sol ou G), o sustenido é o som mais próximo a essa nota na direção dos agudos (no caso, formando o Sol sustenido ou G#). Já o bemol é a nota mais próxima na direção dos graves (formando o Sol bemol ou Gb).

Ou seja, toda vez que o sinal de sustenido (#) é acrescentado a uma nota ou acorde, significa que foi feita uma elevação em meio tom, ficando ligeiramente mais agudo. Inversamente, o bemol (b) indica que essa nota ou acorde recebeu uma redução de meio tom, tornando-o um pouco mais grave.

Os acidentes na pauta (partitura)

Numa partitura, sempre que na armadura de clave há algum acidente, TODAS AS NOTAS em qualquer posição de altura em que se encontra o acidente será alterada. Assim se na armadura de clave há um fá sustenido, todos os fás que estiverem escritos serão fá#.

sustenido

Exemplo mostrando alterações por armadura de clave  – sustenido (#)

 

Se uma nota tiver sinal de alteração no início do compasso, as demais notas de mesmo nome também serão alteradas no mesmo compasso. No compasso seguinte, elas deixam de ser alteradas.

 

 

bemol em compassos

Exemplo mostrando três leituras da nota si: a primeira lemos si bemol devido à presença do sinal de alteração, a segunda deve-se ler si bemol por estar dentro do mesmo compasso (mesmo sem a alteração em frente) e a terceira deve-se ler si natural por estar sem alteração e já no compasso seguinte.

Utilização do bequadro

Para anular uma alteração de acidente, utilizamos o sinal de bequadro.
O bequadro deve ser utilizado quando desejamos anular a alteração dentro do mesmo compasso ou para anular a alteração da armadura de clave.

 

aplicação do bequadro

Duas aplicações do bequadro. 1 – no fá anulando a alteração da armadura de clave. 2. no sol anulando uma alteração prévia no mesmo compasso

Quando usamos sustenido e bemol?

Tanto no seu uso nas notas isoladas quanto em acordes, os sustenidos e bemóis têm tantas utilidades que seria difícil explicar todas aqui. Algumas delas são:

  • criar passagens entre notas próximas, como quando se quer ir do Sol (G) ao Lá (A) e passa-se pelo Sol sustenido (G#);
  • chegar em notas de um acorde de forma melódica (os chamados arpejos), criando uma sensação sofisticada e típica do jazz. Esse procedimento é conhecido como aproximação cromática;
  • criar oportunidades de modular as músicas, isto é, trocar seu tom, em geral de maneira abrupta, gerando uma sensação interessante de deslocamento no ouvinte.

Do ponto de vista teórico, há momentos em que se usa o sustenido e outros em que se usa o bemol. Isso acontece porque, dependendo do referencial que adotamos, uma mesma nota pode ter dois nomes (o Sol sustenido pode também se chamar Lá bemol, por exemplo).

Essa duplicidade de nomes para uma mesma nota se chama enarmonia.

Simplificando um pouco a explicação, podemos dizer que o bemol é o símbolo utilizado descendentemente (do agudo para o grave), e o sustenido, ascendentemente (do grave para o agudo).

Como o sustenido e o bemol funcionam na prática?

Você já observou alguns usos para os sustenidos e bemóis, contudo, é importante destacar que existem algumas regras para isso.

Em teoria, qualquer nota pode ser alterada por acidentes (sustenidos e bemóis)

Na prática, dificilmente utilizamos sustenido na nota mi e si já que tem apenas um semitom de distância para o fá e o dó respectivamente. Da mesma forma o fá bemol e dó bemol também raramente são utilizados.

Assim, a escala cromática é a referência usada por apresentar o intervalo de semitom em todas as notas e, com isso, englobar as 12 notas.

Da perspectiva ascendente, ela fica da seguinte maneira:

C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B

 

Já do ponto de vista descendente, ficaria:

B, Bb, A, Ab, G, Gb, F, E, Eb, D, Db, C

Note que entre o Mi e o Fá não existe um acidente. Da mesma maneira, a escala termina em Si, portanto, recomeçaria em Dó, o que significa que entre essas notas também não existe um sustenido ou bemol.

Conhecer a escala cromática e os intervalos entre as notas é muito importante para encontrar todas as notas em seu instrumento, explorar outras escalas e até mesmo formar acordes. Por isso, é preciso memorizar a sequência das notas naturais e das alterações nos dois sentidos: do grave para o agudo e do agudo para o grave.

Sustenido e Bemol na guitarra e violão

Se você toca violão, pode verificar essa diferença tocando uma nota qualquer e depois partindo para a próxima casa, em direção do corpo do instrumento, para ouvir o sustenido, ou em direção às tarraxas, para identificar o bemol.

No violão, por exemplo, você sabe que a primeira corda está — na maioria das vezes — afinada em Mi. Seguindo a sequência da escala cromática, é possível identificar cada uma das notas ao longo do braço. Dessa maneira, na primeira casa está o Fá, na segunda o Fá sustenido e assim por diante.

 

sustenido e bemol no braço do violão

Assista uma breve vídeo aula sobre como encontrar bemol e sustenido no violão e guitarra.

 

Como o sustenido e o bemol aparecem no piano?

No piano, simplificadamente, as teclas brancas contêm as notas naturais e as pretas os acidentes. Dessa maneira, como você já aprendeu anteriormente, uma tecla pode ter um sustenido e um bemol ao mesmo tempo. O que determina a nomenclatura é o sentido que se olha, ascendente ou descendente.

 

Sustenido e bemol no piano

 

Portanto, você pode ter em uma mesma tecla preta um Sol sustenido (G#) ou um Lá bemol (Ab). O som obtido é exatamente o mesmo, muda apenas a forma de se referir a ele. Assim, em um piano as notas se repetem algumas vezes, porém em alturas diferentes, o que faz com que soem mais graves ou mais agudas.

Compreendendo e dominando o significado e as diferenças entre sustenido e bemol, você estará mais próximo de alcançar os sons que busca nas suas composições, arranjos e transcrições de solos. Além disso, terá mais autonomia e liberdade para executar as músicas que gosta e fazer improvisações.

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17 thoughts on “O que é sustenido e bemol e quais as diferenças entre eles?

  1. Ana Ferreira disse:

    Parabéns pelo didatismo!

  2. Nascimento disse:

    Muito bom! Obrigada por compartilhar seu conhecimento!

  3. Leonardo Melanino disse:

    Todas as notas naturais possuem 49 modos gregos differentes (jônios, dórios, phrýgios, lýdios, mixolýdios, eólios e lócrios). Fá sustenido e si bemol possuem 49 modos gregos differentes, dó sustenido e mi bemol 42, sol sustenido e lá bemol 35, ré sustenido e ré bemol 28, lá sustenido e sol bemol 21, mi sustenido e dó bemol 14 e si sustenido e fá bemol septe.

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos por sua contribuição Leonardo. Seja sempre bem-vindo!

  4. Evellyn disse:

    Meu Deus! Muito obrigadoooooo, tava procurando só a forma dos arcodes, mas encontrei essa publicação que me esclareceu muita coisa! Enfim, fui buscar cobre encontrei ouro kkkk Deus abençoe

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos Evellyn. Aproveite os outros conteúdos de teoria musical disponíveis no Blog. Saudações!

    2. Aparecido Del busso disse:

      Eu também estava procurando acordes para iniciantes, e encontre essa jóia!
      Eu pensei que notas eram apenas as naturais.
      Nunca imaginei que fosse descobrir esse tesouro: Sustenido e Bemol…amei !!!

  5. Graciano dos Reis Messias disse:

    Excelente postagem. Já estudei teoria musical e não me lembrava de muitos tópicos colocados aqui. Foi ótimo recordar está parte importante da música. Parabéns pelo conteúdo

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos Graciano. Aproveite os outros tópicos também!
      Abraço

  6. thiago disse:

    top de mais e muito bom saber que existem pessoas que pensa no próximo

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos Thiago!!

  7. jaty Silva disse:

    APRENDI MUITO, GOSTEI DA AULA, OBRIGADO.

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos Jaty. Seja sempre bem vinda!!

  8. Getulio disse:

    Olá Rogério, gostei muitíssimo deste teu artigo pois me resolveu uma dúvida que busquei a solução com pessoas da música e também na internet. Depois de apanhar muito encontrei na Net alguém que escreveu que o 7 cordas só tinha ,4 notas. Ele apresentou as 4, para baixo e para cima. A partir daí fui decifrando sequência. Para baixo tudo bem mas para os bemóis não consegui resolver; o fá foi enrosco.
    Finalmente encontrei teu artigo que resolveu tudo.
    Sou iniciante de 7 cordas apesar de minha longa idade porém sou curioso e muito meticuloso com o conhecimento.
    Muito obrigado e parabéns.

    1. Rogério Schmidt disse:

      Gratos Getulio. Aproveite os outros conteúdos do blog.
      Tem outros assuntos básicos abordados como intervalos, escala, haromina etc
      Abração

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